sexta-feira, 21 de agosto de 2015

        Eu fui!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Na última terça-feira, 18 de agosto, eu fui à manifestação histórica do funcionalismo estadual. Estava lindo de ver. Emocionante! Arrepiante! Estimulante! Foi um longo e cansativo dia, mas saí/saimos de alma “lavada”.
            Foi histórico pela quantidade de servidores e de categorias que reuniu. Mais de quarenta entidades representativas dos servidores públicos estaduais apenas do poder executivo. O recado ao senhor governador foi dado. E bem dado.
            O fato novo é a greve unificada das categorias que foi costurada com antecedência para ser um movimento que realmente dê repercussão. Mas é claro, na RBS você vai ver muito pouco. Sugiro, entre outros meios, sul21.com.br para se informar com mais qualidade.
            Por um lado, o ato e a greve de três dias já fizeram Sartori sair um pouco da paralisia. A secretaria da Fazenda começou a se mexer esta semana indo atrás de inadimplentes e sonegadores. Isso nós já sabíamos. Só o gringo que não!
            De outra parte entra em cena o judiciário. Está “avaliando” se divide os juros dos depósitos judiciais com o poder executivo. A pressão está pegando?! Para não mexer em seus privilégios o judiciário dá uma de “solidário”. Mas é só para “inglês ver”.
            No entanto, o que Sartori mais quer é aumento de imposto via ICMS. Na campanha eleitoral prometeu que não faria isso. Qual o adjetivo para esse tipo de atitude? Merece, no mínimo, mais um apelido: Pinóquio!

            Acompanhe os projetos que estão em pauta na Assembleia Legislativa. No que se refere ao aumento de impostos faça bem as contas. Por exemplo: uma das propostas de Sartori é elevar a alíquota de ICMS da energia elétrica, telefonia, combustíveis, entre outros, de 25% para 30%. Nesse caso o aumento não vai ser de apenas de 5%, mas sim de 20%! Insisto: dinheiro nunca faltou. Com esse aumento então...! 
        Eu não vou!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            No próximo domingo, dia 16 de agosto, eu não vou às ruas. Entre outros, compartilho dez motivos que não me motivam a participar desses atos:
            1º: não tenho “ervilha” no cérebro;
            2º: não sou golpista;
            3º: por honestidade intelectual, não apoio movimentos de direita, reacionários e golpistas como esse está prometendo ser;
            4º: não compartilho movimento em que muitas pessoas participantes defendem que sonegação não é corrupção;
            5º: não participo de movimentos apoiados por grupos de comunicação que alienam a sociedade;
            6º: não compartilho ódio;
            7º: não participo de movimento que combate a corrupção só de alguns; de outros tudo bem;
            8º: não ando de mãos dadas com os donos do poder ou com “classe sei lá o que” manipulada por esses;
            9º: não vejo problema em registrar CPF nas notas e cupons fiscais; por isso não posso – por questão ética – participar de movimento junto com muitas pessoas que tem pavor desse procedimento por que provavelmente não declaram “tudo” em seus impostos de renda;
            10º: tenho coisa melhor e mais útil para fazer.
            Uma delas pode ser uma leitura. Que tal Noam Chomsky? Qualquer texto ou entrevista dele. Digita no seu buscador e poderá ler coisas assim: “A população geral não sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe”.

            Pode procurar ainda por Bertold Brecht? De cara encontrarás uma de suas passagens mais conhecidas: “O pior dos analfabetos é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos... O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil, que de sua ignorância política, nascem a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e corruptor...”.
        Sartori é uma piada de mau gosto

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Desde a eleição de 2014 o atual Governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori tem se mostrado um ótimo piadista. De mau gosto. Lembra do “piso do Tumelero”, quando fazia referência ao piso do magistério?
            Pois é, falta de aviso não faltou. Já na eleição Sartori (PMDB) debochava dos professores e, por incrível que pareça, muitos “mestres” votaram nele. O que tem de “cérebro de ervilha” no magistério não é mais surpresa.
            Agora, com o atraso de salários muitos se revoltaram. Ou seja, precisava alguém mexer no bolso da turma para acontecer alguma coisa. Já escrevi aqui outras vezes e volto a afirmar que o RS não está “quebrado” como quer fazer parecer Sartori.
            O atraso de salários foi cirúrgico. Servidores públicos estaduais da justiça, ministério público, procuradoria geral do estado, defensoria pública e do legislativo receberam integralmente seus pagamentos. Sartori escolheu os que mais ganham para pagar em dia. E não me venham com essa história de independência de poderes. A fonte é a mesma. E os privilegiados também.
            O que deve ficar claro são as intenções de Sartori e do PMDB. Sartori é um piadista de mau gosto a serviço dos empresários do RS. É uma marionete. E está fazendo um bom trabalho plantando o caos e colocando a população contra uma parte do funcionalismo. É um projeto bem claro que conta com o apoio, e não poderia faltar, do Grupo RBS que faz o papel de imprensa oficial do governo do estado. Todos os dias repete o mesmo mantra, o que é facilitado pelo auto índice de “cérebros de ervilha” espalhados pelos pampas.

            Resta saber no que vai dar. Propositalmente Sartori está provocando o caos. Sartori quer greve. Quanto pior melhor para fazer do estado o mínimo possível. O PMDB é o “vendilhão” do RS. Não sei o que é pior: aguentar “cérebro de ervilha” ou as piadas imbecis do “gringo”. 
        O PMDB atrasa o RS?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Alguém tem dúvida de que o PMDB atrasa o Rio Grande do Sul? Eu não! Não nos esqueçamos do Brito, do Rigotto, entre outros.
            Parece que não dá para entender tanta diferença entre o PMDB do Rio Grande do Sul e o PMDB de Santa Catarina e do Paraná. Aqui o pessoal do PMDB quer privatizar tudo o que puderem. Por lá parece diferente. Inexplicável? Não!
            É que o PMDB do RS é um dos legítimos representantes da direita, portanto da elite e dos grandes empresários, tanto da indústria, do comércio e da mídia. É descarada a sustentação que o grande grupo de comunicação “Rede Baita Sol” está dando ao governo Sartori.
            Mas onde andam os mais de 60% de eleitores/as que deram um “cheque em branco” para o “Gringo”? Será que boa parte dos gaúchos sofrem de algum distúrbio psíquico e são adeptos do sadomasoquismo? Ou seja, gostam de sofrer? É um Estado realmente de “façanhas”! Tomará que essa não sirva a outro ente federado!
            O que está em jogo não é se o Estado do Rio Grande do Sul está ou não está “quebrado”. O que está é uma visão de sociedade onde o que é público deve ser fortalecido em detrimento da maioria ou deve ser diminuído e entregue ao lucro de poucos.

            O discurso de “Estado quebrado” pode convencer míopes ou bajuladores interessados. Como se justifica falta de dinheiro quando, em relação ao funcionalismo estadual, as categorias que tem os mais altos salários recebem aumentos generosos? Sartori já autorizou aumentar o próprio salário, do vice-governador, de secretários, de juízes, de desembargadores, de deputados estaduais entre outros. Mas para servidores da saúde, segurança e educação (e do poder executivo em geral) não tem. E ainda joga a sociedade contra o funcionalismo. É o PMDB novamente governando o RS. Viva o atraso!
        Verdades papais

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            A música do Engenheiros do Havaí, “o Papa é pop,” é atual. Composta ao tempo do Papa João Paulo II, que era “pop”, cai como luva para o Papa Francisco. Este também é “pop”. É “pop” de popular, de povo, de social. Por isso fala verdades do mundo real da maioria das pessoas que passam dificuldades, são dominadas e exploradas. Sou fã do Papa Francisco!
            São verdades conhecidas. Eu falo e escrevo muitas delas. E você, caro leitor, provavelmente as conhece também. O problema é que somos, eu e você, reles mortais. Já o Papa é o “Papa”. E esse parece não ter “papas” na língua. Ou você duvida do que o papa diz?
Em recente visita à Bolívia o Papa Francisco soltou vários verbos como vem fazendo em outras oportunidades. Uma das verdades que falou: “A ambição desenfreada pelo dinheiro... é o esterco do diabo”. É uma metáfora genial. O lucro e o dinheiro não podem mandar nas pessoas. O capital deve servir ao ser humano e não o contrário. É disso que falo quando lembro o baile de R$ 380,00 numa noite. Pode ser uma síntese da avareza: lucrar explorando para viver experiências luxuriosas! É o orgasmo dentro da lógica capitalista!
Outra verdade lembrada pelo Papa: o monopólio da informação, ou melhor, da desinformação. O foco dos canais e meios de comunicação dominantes – em sua maioria esmagadora – não é a informação imparcial. É manipulação das informações de acordo com sua visão de mundo ou de seus patrocinadores, sempre dentro da lógica da dominação e domesticação. Criar consumidores alienados e mantê-los assim. Cidadania não interessa à ordem do capital. Pessoas que pensam muito menos.

A luta por uma sociedade mais justa e humana é permanente. Tem muitas pessoas lutando por isso. Três Cachoeiras esteve representada na Bolívia pela Anelise Becker, uma militante dessas causas nobres. Temos muitas pessoas do bem a nossa volta. Basta enxergarmos.
        Quantidade ou qualidade?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Por esses dias debati muito com um colega sobre os conceitos quantidade e qualidade. Aprendemos muito. Virou até plano de aula. De qualidade.
            No entanto, qualidade muitas vezes fica só no discurso bonito. Na prática, a maioria das pessoas se preocupa mais com a quantidade. São visões de mundo.
            Evidente que muitas vezes é preciso equacionar as duas coisas para obter melhores resultados. Podem andar juntas. Mas isso parece ser cada vez mais raro.
            Exemplo: uma visão quantitativa da violência defende que simplesmente reduzir a maioridade vai resolver o problema; de outro lado, sob um olhar qualitativo, a mazela da violência é um problema de desigualdade social. Ao invés de perguntar se você é a favor ou contra a redução da maioridade penal poderiam lhe perguntar se você é a favor ou contra a desigualdade social. Ou então, você é a favor ou contra um baile de R$ 380,00 (metade de um salário mínimo numa noite) enquanto têm pessoas passando necessidades o mês inteiro.
            No trato da coisa pública a mistura vai além. A visão predominante é a de que quantidade é que faz qualidade. Isso pode estar mudando. Segundo nosso guia municipal sua administração está realizando muitas obras e comprando muitos carros. Olhando assim pela quantidade pode ter fundamento. Mas se olhar a qualidade! Casca de asfalto se desmanchando; calçamentos com economia de material, mal projetados, mal executados, sem fiscalização que abrem crateras na primeira chuva; aquisição de carros para carregar pessoas sem investir em saúde preventiva e básica?
            Pelo menos nosso guia municipal está mais realista. Com o anuncio de que não concorrerá à reeleição está admitindo o óbvio: que sua administração é um fracasso. Questão de qualidade! A velha política da quantidade parece não estar dando mais conta. Ufa! Antes tarde do que nunca!

             
        Fechem os olhos!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Está proibido abrir os olhos em Três Cachoeiras! Como assim? Isso mesmo. Segundo a direita reacionária da cidade é melhor fechar os olhos do que debater o mundo real. Com a “operação quem grita mais” nas redes, nas ruas e nas ondas, o conservadorismo e o sectarismo falaram mais alto outra vez.
            E precisou um empurrãozinho de alguém de fora. Parece mania de inferioridade. Tudo ou quase tudo que vem de fora é melhor. Para os chamados “lideres religiosos” da cidade pode ser “que santo de casa não faça milagre”. Opa! Quem acredita em santo? Todo cristão acredita?
            Parece receita de bolo: junte um forasteiro “direitoso” (provavelmente a mando de alguém) com míopes religiosos fanáticos ou lunáticos sem abertura para o debate e muito menos conhecimento de causa; adicione uma pitada de manipulação e alienação usando concessões radiofônicas públicas; para o “gran finale” decore com o “vírus Bolsonaro”. Tá feito o “bolo”!
            Pelo menos com esse “bolo” algumas figuras saíram do armário. Quem realmente serão os travestidos? Apenas os que querem mudar de sexo? Ou aqueles que se travestem de “bons” cidadãos, mas que na vida real..., enfim, deixa pra lá!
            Sem falar dos sem noção, dos malandros e aproveitadores. Nesses quesitos nossos legisladores municipais continuam muito bons. Pra eles. Sempre contando com novidades. Agora o camundongo se autodeclarou procurador jurídico de Deus. Com D maiúsculo para não se correr o risco de um processo. E para os “lideres religiosos” não se sentirem ofendidos.
            Quem vive no mundo real das diferenças, do humanismo, da honestidade e do livre pensamento pode tomar algum susto de vez em quando. Só falta a fundação de um partido fascista na cidade que pode mais. E que essa história de estado laico, ou seja, separação de religião e estado brasileiro é uma grande piada. Será que só tem 5% da população trescachoeirense de olhos abertos?